As pessoas querem sempre falar, a dificuldade está em serem ouvidas. E falar é o que as ajudará a elaborar e a sair mais depressa do luto. Cada pessoa enlutada precisa de falar sobre quem morreu. Assim que a pessoa morre, o enlutado conta a mesma história várias vezes, geralmente desde o último dia em que estiveram juntos até ao momento em que recebeu a notícia da morte. Tantas vezes quantas a encontrar, ela irá contar esta história. Este é o primeiro factor de afastamento dos amigos. Eles pensam: eu irei lá e ele irá repeti-la. Ou lhe dirão a ele ou a ela que já lhe disseram isso. Mas é precisamente esta narração, repetida, vezes sem conta, que leva à compreensão. É um recurso muito positivo, muito saudável. Os judeus fazem isto: dentro dos rituais de luto da religião judaica, a pessoa enlutada nunca está sozinha, há sempre alguém do seu lado em silêncio, apenas para ouvir a sua dor. É importante pensar em como não podemos suportar ouvir a dor do outro e como não preparamos ou preparamos os nossos filhos para esta atitude face ao sofrimento dos outros.
Hoje já não se fala mais do luto. Este processo de falar é um processo muito importante, para pessoa conseguir superar e prosseguir a sua vida.
Quando o enlutado começa a fazer planos sem a pessoa que morreu. No caso da viuvez, por exemplo, isto não significa ter um novo namorado ou namorada. Mas quando se compreende que a pessoa já não está presente e se decide seguir em frente. E deixa-se ser feliz. Esta é uma autorização muito complicada, porque durante o luto há muita culpa. O enlutado leva a penitência por ter esquecido a pessoa que amava durante um dia, durante alguns minutos. Decidir ser feliz novamente não é uma traição e esta realização leva o tempo interno que cada um necessita. Por isso além de estar ao lado da pessoa ,e necessário deixar ela falar sobre a suas dores e incentivar este diálogo, essa é melhor forma de de prestar ajuda a enlutado, ouvindo-o. Devemos nos preparar e preparar os nossos filhos para saberem lidar com esse processo natural da vida, afinal a única certeza que temos nessa vida é que todos vamos morrer um dia.